domingo, 18 de novembro de 2012

Rope

Descansado e entediado o cara sentava na beirada da cama e pensava.
A luz entrava tímida pelas frestas da persiana fechada. Lá fora, o céu cinza-azulado indicava que, possivelmente, Curitiba estava oferecendo outro agradável dia de clima caótico a seus habitantes.

Na quitinete simples, as roupas penduradas na cadeira pediam para ir ao armário. Aqui e ali os livros largados imploravam por um pouco de atenção. O relógio estava sempre 15 minutos adiantado pra que ele não se atrasasse, mas ele sempre se atrasava. Era verdade que os ônibus não colaboravam com ele, se atrasando os mesmos 15 minutos de quando em quando. Também era verdade que a vontade dele andava baixa, mesmo com perspectivas de mudança significativa batendo à porta. Mas realista como era, o cara geralmente não se importava. "Não contar com o ovo dentro da galinha", dizia o seu avô. E assim, a visão realista de seu modo de vida e atos havia começado.

O dia já estava no fim. Um dia tirado para descanso, mas que deixava na garganta aquela sensação de que mais poderia ter sido feito e que mais poderia ter sido aproveitado. No fim daquela tarde qualquer, com aquela luz diminuindo e com todo o lugar olhando pra ele, o cara suspira. A semana que se aproxima é a que vai decidir muito na vida dele. É a em que ele vai decidir muito da própria vida também. Muita responsabilidade pra um domingo, em contraste com os outros domingos em que as preocupações eram o almoço e o jantar.

...

"Às vezes eu penso em me suicidar", ela havia dito.

Ele entendia. A declaração o havia deixado nervoso, mas porque ele às vezes também pensava. Mas a primeira tentativa foi a última (há muito tempo atrás) e viver era importante agora.

Um coma prolongado seria mais ideal.

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